sexta-feira, 9 de março de 2007

Do que falta

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Ela aceita qualquer coisa. Basta um fraco sinal de fumaça, ao longe, para que ela já entenda tudo. Tudo fica claro, o céu se abre, brilha o sol. Ele pode ter sumido, pode ter combinado e não ter cumprido, pode ter sugerido e deixado pra lá. Tudo isso não importa ao menor sinal de que ele a queira.

Chega um torpedo, do nada, com um oi totalmente descabido, no meio de um dia super-corrido no trabalho dela, e ela se derrete. Perde-se nas atividades do dia e já se vê na lua-de-mel. Volta a acreditar na previsão astrológica, na sorte do orkut, na vidente que visitou 6 meses antes e lhe disse que ele apareceria. Ela acredita até em duendes nessa hora.

Se ele liga, mesmo que somente pra perguntar uma banalidade qualquer, ela já pensa nos filhinhos de olhos claros que terão... Será que ela virá a cara do pai e ele, a cara do pai também? Porque família perfeita é feita de pai e mãe e de um casal de filhos, ambos parecidos com o pai; isso sempre ela achou, mesmo sem nunca ter pensado em casar e ter filhos. E lembra dos cabelinhos claros e encaracolados que ele tem, da barba rala e macia. Mesmo que isso nada tenha que ver com a família que irão formar, nem com o assunto besta do telefonema besta.

Um e-mail que ele encaminhe, com aqueles "Fws" bem de gente preguiçosa, que manda junto a lista de gente que já recebeu aquilo, com os comentários do infeliz que primeiro mandou a mensagem pra ele, está lá o motivo pra ela ter certeza de que ele é o cara. Mesmo que o e-mail trate de medicina ortomolecular, com um monte de nomes de vitaminas e elementos presentes nos alimentos para uma vida saudável. Ele tem de ser o cara. Certeza. Porque um cara não perde tempo em enviar e-mail se não estiver perdidamente apaixonado por ela; mesmo que ele tenha mandado aquilo pra mais de 20 outras pessoas.

Ela o vê se aproximar da portaria do seu prédio, perguntando por ela, com um maço de flores na mão, embora ela tenha certeza de que ele nem faz idéia do bairro que ela habita. Mas é que um cara interessado faz o impensável e ele deve ter saído perguntando por aí onde seria a casa dela. Óbvio. E o interfone toca, ele fica mudo quando vai falar com ela, acaba deixando as flores e timidamente indo embora, pra criar coragem de voltar depois. Bem depois, tipo nunca. Tipo ela viaja, como dizem.

Ela sabe tudo dele. E sabe que ele deve estar morrendo de curiosidade de adivinhar tudo sobre ela, sua vida, seus gostos, seus segredos, seus desejos mais especiais. Ele quer detalhes pra poder acertar. Ele precisa dela. Ele não sabe viver sem ela. Ele a quer de qualquer forma, porque ela é o motivo de ele sair todas as manhãs da cama, com vontade de viver. Só pra se aproximar dela, abraçá-la e nunca mais ter de viver sem ela.


Agora só falta que um saiba que o outro existe.

Lu Longo

Um comentário:

Eu não sei, você sabe? disse...

tha's life.

beijo energicamente positivo.

tititi