Da Minha Ladeira Torta

Subindo a última ladeira pra chegar ao trabalho hoje, beem cedinho, já com um lindo sol no céu, andando feito um robô, ainda nos braços de Morpheu, aconteceu.

Cruzou meu caminho um deficiente visual, com um curativo enorme na cabeça, com roupas esfoladas, rosto machucado, apoiado nos braços por outro deficiente visual, que manejava uma bengala.

Dois passos adiante, vejo um senhorzinho com um olho meio caído, com desvio de rima (boca torta mesmo...), visivelmente seqüelado de um derrame (será?), locomovendo-se com dificuldade com um andador, de cara fechada, seguido de uma adolescente que carregava uma mala bem pesada, fazendo careta.

Caminho mais rápido, quase viro o pé de salto alto (essa péssima mania que tenho). Olho para o lado - há um rapaz, sem parte de uma das pernas, com vários pinos no único joelho, andando com muletas, aborrecido, cabisbaixo, reclamando sozinho...

Apresso o passo mais ainda, mesmo sem fôlego, pra chegar logo ao topo. Abaixo o olhar e lá está um menininha cantarolando, de face totalmente desfigurada, com turbante de ataduras, cheia de cicatrizes (acidente com fogo?), acompanhada dos pais, cheios de receitas nas mãos, meio perdidos.

Sigo mais, quase lá no final, e alguém toca meu ombro. A música alta (ainda vou ter problemas por isso...) me confunde, me faz levar um susto. Um homem de meia-idade, puxando pelo braço uma mulher de idade semelhante, de forma nervosa, pergunta: "...blablablá?..." Como? Não deu pra ouvir... Tiro um dos fones de ouvido. Claramente irritado: "Onde fica a Psiquiatria??" Ah... Bem, pode descer direto, virar à esquerda, depois ir à direita e vai ver. Pra lá, ó!

E assim cheguei.
Sim, sei que estava chegando ao hospital, mas ... precisava tanto?

Começando o dia assim, me diga:
Dá
pra
esperar
que
eu
seja
normal??

E... era pra ser normal?

Um dia FELIZ, bem FELIZ pra você! Sem mais tristeza por hoje, OK??

Lu Longo