Do Canteiro

"No mistério do Sem-Fim,

equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,

e, no jardim, um canteiro:

no canteiro, uma violeta,

e, sobre ela, o dia inteiro,

entre o planeta e o Sem-Fim,

a asa de uma borboleta."

CECÍLIA MEIRELLES

Pois assim comecei o dia: pensando no nosso planeta, que está mesmo de ponta-cabeça... E pensando num canteiro menos glamuroso do que o da Cecília M.: o de obras! Se você se conectou com qualquer meio de comunicação desde ontem, deve ter visto e ouvido falar na baita cratera que se abriu numa construção do Metrô de São Paulo. É, bem aqui pertinho de mim... Coisa imensa, que engoliu caçambas e caminhões! Fato é que, infelizmente, lá se foi também um micro-ônibus, com motorista, cobrador e passageiros, desaparecidos todos até agora... Tudo num instante pode mudar. A terra cede e engole coisa e gente! E aquele que tropeçou, foi amarrar o sapato e perdeu o ônibus, o outro que foi ao banheiro e saiu de casa dois minutos depois e perdeu o ônibus, mais outro que se distraiu com as manchetes do jornal na banca e nem viu o ônibus passar? Pela maravilhosa obra do acaso (ou não?), escaparam da tragédia... Pela fração de tempo do bater de asas da borboLLeta, sentem-se aliviados nesta manhã esquisita de sábado.

Coisa de erro de engenharia, fatalidade, conforme já disseram? Não sei. Não entendo disso. Uma coisa é certa: o frágil equilíbrio do nosso planeta tem de ser respeitado.

Será que estamos a fazer isso?? Será??

Bom sábado, com muita felicidade e pouca tristeza!

Lu Longo